Não sei quando foi a primeira vez que vi, mas existe uma técnica de respiração que costumo usar quando preciso sair das vozes confusas da minha cabeça: inspirar o ar por 4 segundos; prender a respiração por mais 4; soltar lentamente por outros 4 segundos. Repetir a gosto.
Faço isso quando não consigo dormir porque meus pensamentos estão se atravessando. Antes de ter que falar em público. Antes de entrar em uma reunião com pessoas que não conheço. Quando preciso terminar um texto que nem lembro mais como comecei. Depois da terapia, enquanto ando até o ponto de ônibus. Após uma crise de choro.
Algumas coisas — boas — estão acontecendo do lado daqui, mas até que tudo esteja certo, minha cabeça está a mil, não consigo terminar uma linha de raciocínio. Não consigo assistir um filme sem pausar a cada 10 minutos porque não prestei atenção. Não consigo ler, quase que não consigo escrever essa edição — na verdade, era pra ser outro texto, mas não deu para reunir tudo que queria a tempo, então deixei ele na aba do rascunho.
Tenho recorrido a coisas mais práticas, em que a ação me leva pra longe dos pensamentos. Hoje acordei sem vontade de ir na academia, porém, no momento em que fui invadida por cacofonias, levantei da cama, troquei de roupa e fui. Com a música alta, até aumentei a carga.
Cheguei em casa, arrumei o quarto — como se não tivesse feito isso antes de sair — e vi que tinha uma pilha de newsletters pra ler na minha caixa de entrada. Coloquei um brown-noise, saí clicando em todos os links que tinham e deixei minha caixa limpa.
Agora, pesquisei uma playlist no Spotify e comecei a escrever, sem pensar muito, sem voltar para o texto. Farei isso daqui a pouco.
Tudo isso não apenas para fugir dos meus pensamentos, mas também para parar de olhar o celular a cada 3 minutos, recarregar a página do Gmail, abrir uma nova aba no computador. Acabei de fazer isso e entrei em uma espiral de coisas que não me acrescentam em nada pela internet.
Acho que é importante, no meio do processo, lembrar de respirar. Fisicamente ou emocionalmente. Encontrar um exercício de respiração que te traz de volta ou uma atividade que te dê um alívio — academia, correr, pintar, bordar, insira aqui o que você quiser.
Algo que seja a parte do que você está fazendo para que você seja capaz de continuar.
”Você ainda é criativo mesmo quando você passa um tempo longe da sua arte. Você ainda é criativo mesmo que você não compartilha na rede social. Você ainda é criativo mesmo quando a sua saúde mental pede que você dê um tempo. Você ainda é criativo mesmo que sua arte renda pouco ou nenhum dinheiro”
estou lendo “Belo mundo, onde você está”, da Sally Rooney. Vi que muita gente se decepcionou com o livro, até o momento estou gostando, em breve dou o veredito final — já adianto que “Pessoas Normais” continua sendo o melhor dela.
estou editando essa edição ouvindo mais um episódio de Boa Noite, Internet — sei que recomendei aqui recentemente, mas esse episódio merece sua própria indicação.
uma sub-lista de indicações dessas newsletters que tem me feito bem demais:
a Bia fala de branding e tecnologia de uma forma clara e crítica
a Maíra te chama pra tomar um café e falar da vida, acompanhada de dicas de literatura, filmes e séries
a Juliana sentiu necessidade de colocar suas palavras para fora e bater um papo com a gente
E do lado daí? O que está rolando aí na sua mesa?
Um texto mais breve só porque não queria deixar de mandar algo essa semana. Espero que em breve tudo esteja mais tranquilo e eu possa contar essas alegrias.
Beijos e até!
Essa news foi o respiro que eu precisava por aqui! Uma honra estar nas indicações. Seus textos também me fazem bem.
Por vezes tenho feito esta técnica de respirar, muitas das delas tem dado certo