29. o mundo da minha estante
as séries que assistia, os livros que lia, as músicas que dançava, tão responsáveis por me fazer entender quem eu era
Eu devia ter uns 13 ou 14 anos. Não lembro em que servidor ou como fiz. Abri um blog para escrever sobre os livros que estava lendo e as séries que estava assistindo. O nome era O mundo da minha estante. Muito poética, não é? Diria que foi uma consequência da geração tumblr.
Se você buscar esse nome no Google, não achará nada relacionado ao meu blog. Não lembro como ou quando fiz. Apaguei tudo. Tirei todo e qualquer rastro desse meu breve momento pelas terras da internet.
Tinha muita vergonha que alguém lesse o que estava escrevendo. Que alguém soubesse o que eu gostava, afinal, alguém podia me dizer que era infantil demais, ou nerd demais, ou chato demais. Sempre fui, levemente, obcecada pelas coisas que gosto. O ensino médio me ensinou, de uma forma não tão acolhedora, a moderar isso um pouco, se não era over demais. Se não, eu só saberia falar das coisas que gostava, que nem eram tão legais assim.
As séries que assistia, os livros que lia, as músicas que dançava, tão responsáveis por me fazer entender quem eu era, o que gostava, o que buscava e o que queria ser, eles não eram tão legais assim e não era legal ficar falando sobre eles o tempo todo. Tinham outras coisas que não eram tão legais sobre mim durante o ensino médio, mas isso é conversa para outro momento e depois de muita terapia.
Graças a Deus, o ensino médio acaba, a gente segue em frente e vê que aqueles três anos são só um pedacinho, um pequeno trecho, um breve período de tempo. Agora, quase dez anos depois, olhar para esses momentos é vê-los meio embaçados. E é melhor que seja assim, porque o agora é mais interessante.
Ainda tem muitas coisas que gostaria que fossem diferentes no agora, mas pelo menos sei que nunca mais serei uma adolescente insegura. Isso já é incrível!
Mas esse não é ponto desse texto!
O ponto é que esse momento passou, fui pra faculdade e encontrei outras pessoas obcecadas pelas coisas que elas gostam. Algumas dessas coisas também eram as coisas que eu gostava e, assim, voltei a falar sobre as séries que assistia, os livros que lia, as músicas que dançava, e descobrir novas para explorar.
Também voltei a escrever sobre elas. Não mais num blog para chamar de meu, mas em um espaço que acolhe todas essas pequenas grandes partes de quem essas mulheres são.
Por um breve momento da pandemia, bem na época que voltei a ler com a mesma intensidade dessa adolescente, passei a escrever sobre os livros que lia e a postar no Medium. Não durou muito tempo porque tinha dificuldade com constância. Ainda tenho, como podemos ver.
O tempo, a escrita e a prática me permitiram chegar na Valkirias, que se tornou meu espacinho favorito de estar na internet e que eu sei que deixou a Beatriz de 13 ou 14 anos bem feliz.
Nesse exato momento, me sinto travada para escrever meu próximo texto porque estou com tantas ideias colidindo dentro de mim que não sei por onde começar. Mas posso dizer que te espero no meu próximo texto.
Como sempre, obrigada pela leitura!
E me diz, tem algo de hoje que deixa o você de 13 ou 14 anos feliz?
Um beijo e até já!