Antes de começarmos mais uma edição, preciso dizer que chegaram muitas pessoas novas por aqui. Acredito que a maioria tenha vindo da newsletter da Ju Mazza — O que me deu na telha. Conheci a Ju na faculdade e ao longos dos anos admirei tudo que vi ela criando, sou fã!
E já que temos gente nova, acho que vale uma introdução. Eu sou a Bea, artista visual e comunicadora — crio para diferentes mídias e diferentes públicos. Minha principal forma de criação é em fotografia de dança, mas já trabalhei com produção cultural, audiovisual, conteúdo para internet. No meu tempo livre, comento sobre as coisas que estou assistindo e lendo, descubro novas cafeterias de Campinas e abraço a minha gata até ela me morder.
Essa newsletter nasceu como uma necessidade de colocar as coisas pra fora — escrevo desde sempre, escrevo para me entender e entender o mundo ao meu redor. Depois de preencher dezenas de cadernos que estão juntando pó na minha estante, comecei a compartilhar essas palavras com outras pessoas e aqui estamos.
Se você tá aqui desde o começo ou se chegou agora, puxa a cadeira, passa um café e vem conversar sobre as inquietações de trabalhar com criatividade. Ah, aproveita pra conhecer a newsletter da Ju — e as demais que estão na homepage de “em processo”.
Provavelmente, você já ouviu a piadinha “nada se cria, tudo de copia”. Por mais sem graça e batida que seja, é verdade — e não estamos falando de plágio. Somos — como indivíduos, como sociedade, como criativos — uma mistura de tudo aquilo que vemos, ouvimos, sentimos ao nosso redor.
Quando começo a criar algo — em qualquer formato que seja — um dos primeiros passos é buscar o que já foi feito daquilo. Se é um fim de tarde que decido tirar o material de pintura do armário, dou uma busca na minha pasta de desenho no Pinterest, escolho o desenho, as cores e o material que usarei. Se estou criando um projeto novo em videodança, olho para a lista de criadores-videomakers-dançarinos que tenho como referência, vejo o que estão produzindo, por onde estão circulando. Se começo a escrever, revisito os textos que salvei na aba de favoritos para me inspirar no tom, na estrutura, nos assuntos.
Nada vem pelo acaso. Nada surge do nada. Nossas mente são pastinhas do Drive, cheio de arquivos que precisam, de tempos em tempos, serem reorganizados, revisitados e até, em alguns instantes, descartados para liberar espaço para o novo.
Outra forma de colecionar referências é pelas pessoas ao nosso redor. As conversas espontâneas, as reuniões por videochamada, o café que marcamos com 3 meses de antecedência. E nem só de conversas em relação a trabalho — uma história do irmão da prima, um perrengue de viagem, um micão que passou numa sala cheia de desconhecidos, um date (bom ou ruim), podem servir como um primeiro passo — mesmo que tímido — para começar a criar.
E nem só de referências específicas que vivemos. Sabe o clássico momento em que você está no banho, e do nada seu cérebro liga os pontinhos e uma ideia brota — a ponto de você sair do chuveiro e molhar o banheiro inteiro para conseguir chegar no bloco de notas e escrever antes que sua voz interna vá embora.
Mais importante do que buscar referências, é estar aberto para recebê-las quando chegarem sorrateiramente. E mais importante ainda, é guardá-las, para que você as ache quando estiver no meio do processo. Ou para os dias cinzentos. Para os dias que acredita que sua criatividade acabou. Para quando pensar que já fez tudo que poderia ter feito.
Em tempo, se você é cercado por outras pessoas que buscam desenvolver suas criatividades — esse é um assunto para um futuro próximo — pergunte quais são as referências delas. Mostre as suas. Construa referências em conjunto.
Pessoas novas chegaram porque outra pessoa falou “essa garota aqui fala umas coisas legais” — é assim que conhecemos músicas, filmes, lugares, livros, comidas, séries. Quando essa newsletter nasceu, era acompanhada de um episódio do podcast do mesmo nome, onde entrevistei algumas artistas da dança, conversamos sobre videodança.
A ideia do podcast era criar uma rede de artistas independentes, divulgar seus trabalhos, conversar sobre as suas formas de criar e fruir arte. Gosto muito das entrevistas que fiz, mas olho para a minha rotina e não consigo achar o tempo de gravar novas entrevistas.
A Aline Valek [quem tá aqui SABE que ela é uma das minhas principais referências] fala que pessoas criativas são aquelas que são capazes de encontrarem soluções para os problemas — e por isso que todo mundo pode ser criativo. Então, olhei para o meu problema e achei a solução.
Se você está aqui desde a primeira edição, sabe que criei essa sessão para indicar o que estava lendo, assistindo e ouvindo. Parei com ela por um tempo, deixei as indicações acontecerem dentro do texto. Agora, retomo essa sessão, mas de outra forma.
Esse espaço existirá para divulgar esses artistas e criadores independentes. Especialmente, aqueles que estão criando fora do espaço das redes sociais — porque sabemos que é difícil estar na rede, mais difícil ainda estar fora.
Por isso, se você conhece o trampo de alguém, acha que eu deveria conhecer e indicar, deixe o nome dessa pessoa e todas as informações para encontrá-la nesse link aqui. Mande quantos quiser. E é CLARO que a auto-indicação é válida. Não precisa ter vergonha.
Para inaugurar esse novo momento e honrar o que já passou, a indicação de hoje é o trabalho mais recente do Fluxo em Redes — o álbum “meu corre”, que nasceu a partir do espetáculo “Q u a s e”. Tem sido a trilha sonora dos meus momentos de foco logo cedo — vai fluindo tão bem que devo ouvir umas 5 vezes sem me dar conta.
E já que somos a favor da auto-promoção: se você não viu, escrevi mais um texto lá no Valkirias — onde escrevo sobre cultura pop. Falei sobre o musical Company e os questionamentos que ele levanta sobre relacionamentos. O texto fez parte da Semana do Amor — logo eu, que faz meses que não estou no clima do amor, mas mesmo assim, me senti inspirada para escrever.
Por hoje é só. Lembrando que “em processo” respeita o tempo do meu processo e se aproveita do fato de não existir em um lugar que depende do bom-humor do algoritmo, então nossas conversas acontecem a cada duas semanas.
Te vejo em breve!
Muito bom ver você falar sobre referências, porque sinto que todos meus gostos e interesses sempre são formados por aqueles que me cercam e depois de anos trancada em casa sinto que estou me revigorando tendo várias conexões de novo
Que massa saber que chegaram pessoas novas por aí! Não vão se arrepender em te acompanhar. Obrigada pelo apoio e indicação também. Que continuemos a trocar referências sem esquecer de guardá-las ❤️