Não sei se tenho um tema para esse texto e como sempre venho aqui com transparência acho que é válido dizer que encarei a tela do computador por duas horas com Olivia Rodrigo gritando no meu ouvido até conseguir digitar esse parágrafo.
Continuando na saga de compartilhar como tem sido os processos do lado daqui, acho que esse é o momento de dizer que estou a um passo de desistir.
Calma, eu explico.
Já fazem algumas semanas que estou enviando portfólios, e-mails, submetendo a editais e todas respostas são “muito bom, mas agora não podemos realizar contratações” ou “desculpe, mas você não foi selecionada”. Em outra edição, contei de algumas respostas positivas, mas a essa altura, elas já se tornaram “quem sabe um dia”. O desespero começa a bater. E continuo a procurar por alternativas e soluções.
Depois de ficar alguns meses sem postar no meu perfil profissional, decido compartilhar fotos dos últimos trabalhos — e até que foi legal. Bom, se isso está certo, acho que devo voltar a postar por lá, certo? Foi o que eu pensei, e assim criei algumas postagens falando das formas que atuo enquanto artista. E, como também já falei antes, depender do algoritmo é horrível, porque ele nunca quer te ajudar. Com uma baixíssima circulação, meus posts floparam e sinto que não estou fazendo nada certo — de novo.
E, assim, preciso fazer um exercício muito intenso de lembrar que o problema não está no meu trabalho ou na minha criatividade, mas sim em uma plataforma que não está interessada nas minhas necessidades de artista independente que precisa divulgar seus trabalhos, porque afinal, esse espaço da internet pertence a uma empresa que quer o seu lucro. Esse espaço não é meu, como a Gabi traz nessa reflexão.
Quando li isso, uma luz se acendeu na minha mente: ok, talvez não valha a pena (des)gastar tanto de mim por aqui, então, onde posso estar? A volta das atividades presenciais, me permite alguns espaços, mas como já dito anteriormente, ainda estou tentando. E no espaço digital, quais são as possibilidades? Bom, foi assim que essa newsletter nasceu, não é mesmo? Nesse cantinho na sua caixa de entrada, eu tenho mais trocas do que em qualquer postagem ou stories que já fiz antes. Já falei que sou feliz por ter você aqui?
Porém, essa montanha-russa emocional não sabe dar trégua e tem dias em que só quero chorar, enrolada na coberta, ouvindo Olivia Rodrigo — sim, ela de novo, sinto muito, se você tá feliz e não ouve a adolescente brava e triste, good 4 u.
Estou vivendo esses dias, em que minha parede está cheia de post-its com ideias, meu Pinterest recheado de referências, meu caderno com anotações e minha mesa com livros para ler. E todos os dias, eu olho para tudo isso e não tenho vontade de fazer nada.
Gostaria de abrir um parênteses para contar que parei de escrever para fazer um brownie e deu absolutamente tudo errado. Acho que isso resume o que estou tentando dizer aqui.
Quando tudo está dando errando, quando acho que não vou encontrar a solução, quando estou sem ideia de como continuar, eu me permito parar, ficar triste e dar um tempo para conseguir voltar. É nesse momento que estou. Naquilo que é possível, estou parando. Se o olho enche de lágrimas, eu deixo rolar. Se não quero conversar, deixo as conversas como não lidas. E apenas paro.
Paro com a consciência — e o desejo — de voltar. Coloco um prazo de “por 3 dias eu vou ficar triste, frustrada e irritada com tudo o que está acontecendo”. E então, consigo voltar.
A angústia pode continuar existindo, mas não vou deixar que me domine, nem me paralise. Com ela, continuo a caminhar.
Para afastar a bad vibe que deixei nessa edição, deixa eu contar algo bom que aconteceu.
Conheci o Valkirias no meio da pandemia e foi um lugar muito legal de estar — ler outras mulheres falando sobre as coisas que eu gosto de assistir, ler e ouvir. Quando, em 2021, abriram um processo para novas colaboradoras, me candidatei, mas não passei. Agora, em 2022, o processo foi aberto novamente e dessa vez fui aceita!
Então, além de estar aqui escrevendo sobre as inquietações de criar, estarei por lá falando de cinema, televisão e literatura. E se você me conhece, sabe que vive um enorme surto com o remake de West Side Story e não poderia começar de outra forma: falando sobre a Ariana DeBose, a minha, a sua, a nossa Academy Award Winner! Espero você do outro lado.
Aproveita pra me contar o que achou desses textos!
Um beijo e até breve!
Eu gosto de ler sua newsletter, sempre fico aguardando ela ansiosamente na minha caixa de correio. Também desisti das redes, me colocou num limbo que tava difícil de sair. Agora no mínimo eu escuto as músicas tristes na tristeza mesmo, sem esconder por detrás da rolagem infinita de vidas que não são minhas. Obrigada por me lembrar que não estou sozinha.