Uau, fazem algumas semanas que não paro para escrever. Liguei o timer do pomodoro, ativei a extensão que bloqueia as redes sociais e abri o Notion. Sem pensar muito, sem planejar o que iria dizer. No máximo, escolhi o que ouviria enquanto escrevo — fun fact: adoro escrever ouvindo Adele. Não faz sentido, mas sempre foi assim, então, obrigada por tudo Adele.
Não sei como estão sendo os seus dias por aí, mas aqui tem sido dias de não conseguir fazer nada. Não por falta de tempo, falta de ideias, falta de opções. Tudo isso está existindo — em diferentes medidas, mas ainda está aqui. O que não está é vontade. Vontade de escrever, vontade de pintar, vontade de fazer algo.
Pode ser por causa desse calor infernal, alternado com chuvas insanas. Pode ser pela falta de clareza do que acontecerá em um futuro próximo — para quem não sabe, estou desempregada e mandar currículo é extremamente frustrante. Pode ser o ano três da pandemia, que estávamos achando que “agora vai”, e a única coisa que veio foram variantes, todo mundo que você conhece com coroninha, surto de gripe — inclusive, não deixe de tomar sua dose de reforço!!!!
Acredito que já falei em textos passados que minha cabeça tem sido uma cacofonia de pensamentos. Muitos, altos e competindo por uma fração de segundo da minha atenção. Sem conseguir organizá-los, não consigo ir em frente.
O Ben Platt tem o show dele gravado na Netflix — eu mesma já assisti umas três vezes — e uma hora ele comenta como passa muito tempo com ele mesmo e como isso o deixa ansioso. Essa é a melhor definição de como tenho me sentido no último mês. Honestamente, cansei de mim mesma — como disse Olivia Rodrigo.
Tenho ideias de como reformular meu site, de tentar vender algumas fotos, de organizar meu material de pintura, de fazer mais cursos online, de textos para escrever, de fazer um mestrado, de largar tudo, de focar em uma única coisa específica, de arranjar um emprego em qualquer agência. São tantas coisas que eu fico parada encarando a tela do meu computador sem saber por onde ir.
E a questão é por que precisamos ir? Por que continuamos? Por que não deixamos para trás? Por que não podemos simplesmente parar? Não é parar no sentido da pausa, porque acredito que ela seja essencial.
A parte racional, me diz que continuar em movimento é o que nos faz estar vivo, nos faz descobrir o novo. Que um passo de cada vez se torna uma caminhada. Mas a parte emocional e cansada, diz que não sabe como fazer isso sem ter vontade de chorar todos os dias, sem se sentir travada e bloqueada. Sem conseguir ver o horizonte. Então, a parte racional tenta falar mais alto e lembrar de dar minúsculos passos, manter o mínimo enquanto for possível e tentar — sem exigir sucesso — um pouco mais quando for possível.
Tirei o fim de dezembro para pensar nos próximos passos de em processo e não decidi nada. Na verdade, a única meta que fiz com o projeto é encontrar uma forma de torná-lo sustentável pelo período de seis meses. E daqui seis meses ver se ainda é possível. E nos outros seis meses ver de novo. E assim seguir, continuar e tentar. Talvez não nessa ordem.
Continuamos porque, em algum lugar e de alguma forma, acreditamos que ainda podemos fazer, ainda podemos pensar e ainda podemos colocar algo que vive dentro de nós no mundo.
Hoje não tem uma lista de indicações porque eu passei o último mês lendo e assistindo qualquer conteúdo sobre tick, tick... BOOM! e West Side Story, dois musicais que eu não sabia que precisava tanto na minha vida — claro que a versão de 1961 de WSS já era bem conhecida, mas a versão do Spielberg trouxe tudo e um pouco mais, me deixando fascinada por esse trabalho.
Então, minhas dicas de hoje são: assista tick, tick... BOOM! (disponível na Netflix) e West Side Story (por enquanto, em alguns cinemas, eu tô só esperando entrar em algum streaming para assistir em looping pelo resto do ano).
em processo vai voltar — com calma e com vontade de estar aqui.
Por isso, não deixe de se inscrever e garantir esses devaneios e inquietações na sua caixa de entrada. Além de, claro, compartilhar com quem você acha que vai gostar dessas palavras!
Um beijo e até já!
Um pedido de próximo tema. Afinal, o que é talento? Cansada de tentar negar essa palavra pro mundo, mas até que ponto isso existe de fato. Enfim... curiosa pra saber o que pensa a respeito
Eu sempre escrevo ano após ano, em alguns dias do ano: "hoje, não estou com saudade de mim mesma". É aquele momento que a gente não suporta estar na companhia de si mesmo... Ai vem o pensamento do auto-conhecimento, do yoga, e da meditação e enfim, nunca sei se isso funcionou de verdade em algum momento... Pra você que gosta de Adele, nessas horas de vazios, incertezas e eu sou a única a pensar sobre os "futuros", passei a lembrar da frase do albúm novo dela: "I love beeing on my own, I always preferred being on my own than being with people." As vezes a gente esquece que somos boas companhias para nós mesmas...
Feliz que você voltou. :)