04. por que compartilhamos?
esse texto foi escrito por uma pessoa leiga, a partir de suas experiências pessoais
Nada de novo sob o sol: a pandemia afetou muitas áreas das nossas vidas — relacionamentos, trabalho, estudo, saúde física e mental. O que mais me afetou foi o combo com batata grande do final da faculdade e o desemprego. Lá em março de 2020, eu era estagiária de comunicação, mas com o fechamento de tudo, a empresa não conseguiu manter os funcionários e em maio eu estava sem estágio. Entre atividades da faculdade e envio de currículos, em agosto, consegui uma recolocação em um estúdio como social media. Mas, em abril desse ano, fui demitida. Em agosto desse ano eu me formei na Unicamp.
Esse cenário é o motivo de eu perder o sono pelo menos uma vez por semana. O vazio se abriu na minha rotina e eu não sabia — na maior parte do tempo, não sei — o que fazer. Na terapia, entendi que isso acontece porque eu passei a minha vida inteira enchendo os meus dias de coisas para fazer — aulas, estudos, trabalho, freelas, encontrar com amigos etc. E com isso, o vazio me aterroriza e me leva para o lugar de achar que não sou suficiente se não estiver fazendo algo.
Por bem ou por mal, procurei coisas para fazer e, por mais que tentei fugir no começo da quarentena, fui parar nos cursos online. A variedade deles é assustadora, os professores tem suas bagagens únicas e o preço foi aquele que coube no meu bolso. Ao mesmo tempo, sentia uma enorme preguiça de fazer mais uma coisa pelas telas, então fui seletiva nas minhas escolhas, busquei aqueles que conseguiria por em prática rapidamente — seja porque eram coisas que eu precisava aprender, assuntos que me interessavam há tempos e nunca fui atrás ou pela pura curiosidade.
Quando você tem um diploma de comunicação, as pessoas assumem que você é a rainha das redes sociais, mas eu sei bem pouco, então fui aprender com a Manu Barem que conteúdo digital é muito mais que um post do Instagram e que a internet é um vasto mundo para criar.
Nas minhas aulas de desenho com a Rafa, estudamos um pouco de colagem manual e eu sempre tive curiosidade com colagem digital, então fui aprender um pouco mais de Photoshop e de contar histórias com imagens com a Bárbara Siewert.
Depois de tanto ler as palavras da Aline Valek e voltar a sonhar com escrever, fui entender suas técnicas criativas, formas de escrever e essa newsletter nasceu.
E depois de assistir tantas séries nesse ano, voltar a ler e discutir filmes com meus amigos, fiquei com desejo de entender como essas narrativas são elaboradas, como os personagens se conectam com a gente e como contar boas histórias, e esse foi o curso da Livia Piccolo.
Continuar no lugar de aluna, de curiosa, de querer entender como as coisas funcionam, me fez olhar para a minha própria trajetória e entender de onde vim e para onde quero ir — o lugar criativo, que cria para conectar, que conta histórias por imagens e palavras, de construir memórias.
Ao mesmo tempo, fui para o lugar de educadora e pude ver com meus olhos o quanto já tinha aprendido.
Ao escrever um material sobre linguagem do audiovisual e seus significados para orientar as intérpretes que co-criaram a videodança, percebi como meus estudos teóricos da faculdade estavam sendo postos em prática com sucesso, sendo possível comunicar e conectar com o público.
Ao escrever um outro material sobre princípios básicos de fotografia para alunos do ensino médio, entendi como eu estava crescendo na minha fotografia e como construí o meu olhar ao longo desses anos.
Ao ministrar uma oficina sobre videodança, entendi como a minha fotografia, o meu tempo na universidade e minha curiosidade têm me levado para lugares inesperados.
Aprender e ensinar me mostram que o caminho ainda é longo e que talvez ele não tenha um fim de fato. Me faz olhar para trás e entender de onde vim, ter vontade de olhar para frente e descobrir o que há de vir. Ver quem veio antes de mim, convidar que outros venham junto e desejar que mais venham depois.
Na reta final do ano, na vibe de olhar para trás e nas retrospectivas dos favoritos do ano, elenquei os top 5 filmes, séries e livros. Uma das minhas metas para 2021 era ter mais intencionalidade nas minhas escolhas, construir repertório e melhorar o meu olhar e senso crítico. Uma das formas de colocar isso em prática foi catalogar cada coisinha que li e assisti — é sério, eu tenho uma planilha com títulos, criadores, plataforma e classificação.
Então, além das indicações de cursos e mulheres incríveis para você conhecer, nessa edição temos as melhores recomendações que eu poderia te dar nesse ano!
Me conta o que achou, se já conhecia algum e qual você vai colocar na sua lista de desejos!
Mais uma conversa muito boa com artistas da dança e arte-educadoras sobre o lugar da sala de aula. Giovanna e Thaís compartilham suas experiências em criar com seus educandos, em escolas de dança e em escolas formais. Vem ouvir!
Confesso que essa news quase não saiu. Foi um combo de esquecer que era feriado municipal, meu aniversário (uhuuu) e esse cansaço do fim de ano. Por isso, vamos tirar uma pausa, para descansar, assistir série, comer doces gostosos e ver um pouco do mundo lá fora.
Nesse tempo, aproveite para reler os textos, ouvir os episódios e compartilhar com seus amigos!
Nos vemos do outro lado [ano que vem]!
Até lá, um beijo!